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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

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Ela andava na rua despretensiosamente, sem um rumo certo traçado... As lagrimas não conseguiram se segurar nas pálpebras, pois estavam pesadas demais. Sem força para lutar contra, um filete molhado corria em suas bochechas e se precipitava para o abismo logo abaixo da linha da mandíbula. Perdia-se em algum ponto da calçada daquela rua que ela percorria.

Ela se sentia embaraçada ao perceber que as pessoas a olhavam e que, curiosas, esboçavam em seus olhares a duvida que surgia ao ver uma menina tão nova aparentando estar tão perdida. Fazia brotar pena naqueles olhares, mas nenhum deles se atreveu a lhe perguntar o porquê do sofrimento, nenhum deles quis se envolver com aquela desconhecida. Nenhum deles era caridoso o bastante.

Mas ela só estava perdida... Ela só precisava se encontrar. Ela só queria ouvir de alguém que tudo aquilo iria melhorar. Ela se enganava achando que o tempo cura todas as feridas, mas o tempo lhe enganou mostrando que sua dor se fazia mais forte a cada passo que ela dava.


Por fim resolveu dar a volta e retornar a sua casa, o ja conhecido ambiente que lhe conferia ao menos a certeza de que ali poderia ser achada. Entrando em sua casa se dirigiu a sua cama para que ao dormir de alguma forma os sentimentos aflorados também repousassem e encontrassem alguma forma de descanso, e que ao acordar magicamente sua vida fosse outra... Mais tranqüila e mais normal.


O sono veio, estava misturado com uns soluços inexprimíveis e logo entrou na escuridão da inconsciência... Em meio ao breu que se formou naquele recém iniciado sonho, apareceu ela juntamente com outra pessoa.

A menina confusa rogou como válvula de salvação que esta outra lhe ensinasse algo.

O que? Foi a pergunta. Era só o que ela precisava que alguém lhe perguntasse.

- Ajude-me a entender porque nos ensinam ainda quando crianças que tudo acaba bem, quando na verdade esse dia nunca aparece... Preciso entender porque minha tristeza não tem fim, porque encontro em cada fuga um problema maior. Porque amo desenfreadamente, e me desapego tão egoistamente. Porque busco entender algum sentindo onde não existe, na realidade, um trajeto?
Enfrentar não soluciona negá-lo não o afasta: os problemas são presentes de mau gosto como a todos, agravados pela solidão peculiar a mim. Só, muito só.
Apenas quero explicação... Não entenderei de igual forma, mas alguém me apresentar a explicação pode ao menos me indicar que o problema é minha limitada compreensão.
Coração ferido, coração dilacerado... Foi amado, foi rejeitado... Encontrou seu apego e seu desprezo.
Soluções ainda que simples são dificultosas demais quando estamos sozinhos.
E eu estou. Eu sou. Só, sempre só.
Amor verdadeiro é algo que não existe, pois a própria verdade e algo que não se encontra
Da mesma forma que a verdade e difícil de encontrar, o amor verdadeiro se esconde de quem o busca, a solidão é o inimigo do amor, quando você não e amado se sente só. Eu me sinto só. Sinto-me sem ter pra onde correr ou pedir auxilio, uso meus atributos ao meu favor, mas eles não me garantem o preenchimento do meu vazio. Busquei na religião, mas esta também não foi minha resposta. Tão pouco deus preencheu, uma vez que esse sentimento me acompanha como um amigo intimo de quem não me orgulho.
Procurei esse amor romântico para me alimentar e me fazer feliz, encontrei decepção e frustração.
Procurei nos meus familiares essa aceitação e acolhimento e encontrei individualismo e indiferença.
Já diria alguém, que ninguém quer me ver nem pintada de ouro, devo ser realmente um tipo muito difícil de lidar, talvez não exista um espaço para mim em lugar algum.
Fico pensando pq viver se as perspectivas são tão desanimadoras? Para que continuar sem amigos, sem companheiros. Para que me entregar de corpo e alma para alguém se ao final será apenas mais uma diversão sem sentido.
Antes eu acreditava em coisas pertinentes a infantilidade natural. Acreditava em amores eternos, acreditava em finais felizes, acreditava que td tinha uma lição, acreditava que dias melhores viriam.
Eu acreditava na poesia, acreditava no sobrenatural.
Eu acreditei em amizades verdadeiras, acreditei que morreria velinha.
Acreditei que amor de mãe era o maior amor do mundo, que era insuperável.
Eu acreditei que me tornaria uma pessoa melhor com o tempo
Eu achei que pararia de comer unhas quando ganhasse maturidade
Eu cri piamente que o primeiro amor era inesquecível
Eu achei que aquela dor nunca iria passar e nisso tinha razão
A dor permanece, a dor de ter errado, de ter acertado de ter vivido e ate de ter me omitido
As pessoas são preconceituosas, elas são cruéis... E eu sou pessoa, queria ser bicho!
Queria não me importar quando fosse rejeitada e eu não liguei mesmo, nem na primeira nem na segunda... Mas logo percebi que a angustia de ser rechaçada, se mistura com medo e solidão e esse coquetel amargo nos leva a um estado de dor sem fim.
Nenhum pensamento de morte vem a minha cabeça, mas como gostaria que viesse, eu os alimentaria ate o ponto da coragem... Sou tão covarde!
Aquele olhar que não recebi daquele que eu acreditei me amar, aquele abraço que me foi negado quando tentei abraçar minha mãe na porta da geladeira, aquela mensagem que não foi respondida quando enviei pelo celular, aquele trabalho de escola que ninguém me chamou pra fazer parceria, aquele medo de sofrer contido dentro do banheiro do quartinho de musica, trancado comigo em total solidão, aquela flor que esperei por quatro anos, aquela presença que desejei no momento nupcial, aquela visão que pedi e forjei sua existência de tanto querer acreditar, aquela musica que deixei de cantar, aquele não que deixei de dar, aquela oportunidade que perdi e aquela lagrima que brotou de uma cachoeira aos pés do riacho naquela clareira solitária. Isso é o que sou, é essa a minha historia e minha vida.
Minha vergonha e minha gloria.

A mulher que atenta que escutava, somente lhe deu um forte cutucão que no mesmo instante a acordou daquele sonho tão real.

E ela estava de volta. Do mesmo jeito que antes.

Nada mudou porque nada muda. Nunca.

E uma centena de paginas em branco me esperam... Estou ansiosa por escrevê-las com minhas bobagens existenciais.

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